14 de dez. de 2010

fogo amigo

Todos os meus sonhos foram embora, foram mortos, tombaram no campo de batalha, abatidos por fogo amigo: eu mesmo. Sou a vítima e carrasco. Não consigo chorar. Quando me alistei, não pensei que estava alistando minha vida, meus sonhos, dando meus sonhos para servirem a uma pátria decadente, insana, louca. Sinto o gosto amargo de sangue misturado com a terra, com a dor. A dor é minha velha conhecida. Meu peito explode. Não há flores em um túmulo, não há amigos, não há túmulo, sou apenas um velho combatente como tantos outros, um corpo caído sem vida, sem decência, sem inspiração. Meu corpo cai, meu rosto encontra a terra vermelha e úmida. Minha mente vaga em busca de lembranças. Só encontro pequenos fragmentos de sonhos que não realizei, de lugares que não conheci, pessoas que não amei, abraços que não me aqueceram. Daria tudo por um bom café. A juventude se foi, a vida se foi. Gostaria que houvesse tempo. Mas ele se foi. Não tem volta, está estático, parado. Queria ter tido um bom momento que valesse à pena. Não consigo pensar direito. Sinto um torpor doce. Minhas lembranças estão misturadas com o gosto do sangue. Guerra é uma desonra, insanidade, surreal. Um estado involutivo da humanidade. A raça superior dá sinais de baixeza e vergonha. Estou aqui servindo a uma pátria que não me serve de nada. A dor é latente.

Voo agora. Um voo leve e doce. Livre, enfim.

relacionalento

Relacionamento é bom quando há troca, afeto, simplicidade, cumplicidade. Aquele tipo de amor que faz cócegas, em que se compartilha a cama e as crenças, deixa respirar. Já, há outros tipos de relacionalentos, aquela coisa chata, pobre, insossa, onde um vive encostado no outro, sem atitude, sem coragem de transgredir, mudar a forma, buscar o novo. Crises, débeis discussões, dedos em riste, trocas de acusações tão previsíveis. Inércia.

2 de jun. de 2010

felicidade: em caso de superdosagem, suspenda a medicação

Em caso de suspeita de felicidade, procure contaminar as pessoas. Porque nem todos temos esse privilégio de ser portador. Você pode trombar com a felicidade por aí, como quem não quer nada. E amanhã pode acordar curado, de mau humor, carrancudo, chutando o cachorro, brigando com o cobrador, esporrando o mundo.
Ser feliz é um estado de espírito que vai e vem em pequenos surtos.

28 de fev. de 2010

programa imperdível de twiteiro

A livraria Cultura promoveu o debate “Twitter: Livros e Literatura”, que teve como convidados os escritores Marcelino Freire e Ronaldo Bressane, o crítico Frederico Barbosa e, como mediador, o jornalista Sergio Miguez. Foram duas horas deleitantes de um bate-papo cultural.

Mais um grande programa gratuito em nossa metrólopole. A única coisa que não foi grátis foi a pilha de livros que comprei...rss...Não resisti. Saramago, João Ubaldo, Jabor e o próprio Marcelino Freire, divertidíssimo, que estou descobrindo agora suas obras.

Quero aproveitar e fechar este e-mail com um fato de acabei de ler no site da Folha, sobre o falecimento, hoje, de José Mindlin (um dos mais reconhecidos bibliófilos brasileiros), e citar uma de suas célebres frases "A gente passa, os livros ficam".

cena apocalíptica

Ontem na Paulista aconteceu uma cena hilária. Um homem sentado num singelo caixotinho, trajando terno, com um look tipo beato Salu e um topete à la Einstein... Segurava um cartaz apocalíptico, escrito : "O final está próximo". Será algum viral ou o tiozinho surtou de vez?

labrador com espírito de poodle

Um fato parou toda a Santa Amaro: um rapaz de bicicleta carregando um labrador... Inacreditável! Já vi gente levando, no mínimo, um pequeno cachorro na cestinha. Mas levar um cachorro de grande porte, solto na bicileta, equilibrando-se sozinho, foi a primeira vez. Será que é alguma nova atração do Circle du Soleil?