25 de nov. de 2008

marketing de relacionamento

Case de marketing:
Em tempos de crise, até as oficinas mecânicas praticam marketing de relacionamento para fidelizar o cliente.
O mecânico me ligou e disse: “Dona Aline, o carro tá com algum pobrema? Se a senhora precisar, é só falar. É nóis”.

7 de out. de 2008

jegue ecológico

Em tempos de sustentabilidade, até o jegue é ecológico. É fato. Jegue é jegue, mas não é burro. Na praia, em Porto Seguro, um dos passeios mais tradicionais é dar aquele rolezinho básico de jegue e tirar retrato para a posteridade. O jegue não está cagando-e-andando para a natureza. É política e ambientalmente correto. O dono colocou um cesto de lixo amarrado naquele lugar onde o seu chefe gentilmente manda você tomar.
É um contraste cultural, enquanto a madame passeia com o poodle em Copacabana com a pazinha, o jegue passeia de cestinha todo pimpão pelas dunas.
Pode-se dizer que o jegue é uma espécie mais evoluída do que os políticos, porque eles sujam e emporcalham as cidades. E depois o jegue é que é burro.

24 de mai. de 2008

“toca raul" na laje

Os bons amantes do rock conhecem a máxima “toca Raul". É lei. Todo o bar que toca rock, não importa o estilo de rock, tem sempre um bêbado guerreiro que quer fazer um tributo ao mestre Raulzito. E bêbado tem sonar, porque é incrível o poder que tem de atrair outros bêbados, seja em bares, shows, batizados, terminal central, dentro de ônibus. Nos bares, a irmandade etílica sempre entoa em coro para a banda ou o DJ: “toca Raul".
A irmandade cresce vertiginosamente e ganha adeptos. Outro dia, estou em frente a uma construção e os pedreiros começam a cantar. Claro que o que me espantou não foi a cantoria, porque pedreiro que não canta ou assobia, não é pedreiro. Acho que faz parte do currículo. Mas o instigante foi o repertório. Não era sertanejo, pagode ou crew. Era Raul. Até na laje “toca Raul”.

3/5/2008

ronaldo – bola fora

Um fenômeno de escândalo. O elenco perfeito: travecos. Porque barraco que é barraco, tem que ter bicha insandecida, palavrões, unha quebrada, perfume barato... O cenário perfeito: 16ª DP. A cidade perfeita para a baixaria: Rio de Janeiro. Pronto, e a putaria estava armada. E o pivô da baixaria: Ronaldo, o Fenômeno. A cena é tão deprimente que chega a ser cult.
A mídia enlouquece de felicidade e chega a ter orgasmos de plenitude. No Brasil, não precisamos inventar fofocas ou plantar fatos. A baixaria aqui é original de fábrica. Está por toda parte. E vem com certificado de procedência.

3/5/2007

telemarketing ativo

Procura-se telemarketing ativo. Estes eram os dizeres da placa enferrujada recrutando telefonista. Esse é um jargão usado no meio técnico, conhecido por profissionais de marketing e propaganda. Mas colocar isso como título numa plaquinha chinfrim pendurada na porta de uma espelunca... Quem vai saber o que é telemarketing ativo? Vão achar que é um puteiro de quinta, isso sim. Deveriam ter escrito algo mais claro, como: Procura-se telefonista para estar ligando. Currículo exigido: Graduação em Gerundismo, Pós-Graduação em Estar Enchendo o Saco e MBAndo.

3/5/2008

começo, meio e fim

Todo relacionamento tem começo, meio e fim. A diferença é quanto tempo dura esse meio. De onde veio isso? Não pode ser de mim... Será que é plágio?? Onde busquei todo esse romantismo? Talvez do excesso de Telecine Light nas férias... Filmes românticos, para mim, sempre foram “propaganda enganosa”. É Conar na certa. Na minha vida nunca encontrei o amor verdadeiro. Se encontrar o amor perdido, dou 3 pulinhos e 3 gritinhos para São Longuinho.

30/1/2008

ladrão estagiário

Qualquer semelhança não é mera coincidência. Caso verídico. Nem tive que buscar inspiração em nenhum lugar, inventar personagens, cenas, fatos... O roteirista da vida está mandando muito bem em 2008. Ladrão rouba, mas não leva. Isso mesmo. Era dia de rodízio em São Paulo e então, como de costume, vou de ônibus e volto a pé para queimar as gordurinhas. Afinal, você sabe que publicitário passa a pizzas, McDonald’s e coxinha fria. Dá uns cinco quilômetros. Eu estava quase chegando em casa podre. Podre é um sinônimo de uma fisionomia carrancuda, com rugas básicas, olheiras de velório, cansaço físico, TPM e rímel escorrido. E tentaram me assaltar. A minha cara estava tão péssima que realmente devo ter assustado o coitado do ladrão, porque ele ficou com dó e desistiu. Ou era estagiário.Ou era um corinthiano mal amado, decepcionado com a segunda divisão e precisando de terapia.

29/1/2008

currículo: mulher troca chuveiro

No meu currículo, vou colorar um novo adendo: “mulher que troca chuveiro”. Isso agrega valor. MBA em trocar chuveiro. E na raça. Sozinha. Deveria existir um “0800” para sabermos o que fazer em casos de urgência, como sifão quebrado, chuveiro queimado, pneu furado, vaso quebrado na cabeça do marido e demais emergências caseiras.
Mulher é um ser forte, poderosa.... e que deixa qualquer homem no chinelo. Só uma coisa nos apavora: unha quebrada. Não tem conserto. Aí perdemos as estribeiras, o limite entre a sanidade e a loucura. Entramos em pleno estado de choque.

26/11/2007

unhas e buracos negros

Não queira entender por que as unhas crescem. Por que os buracos negros não são brancos. Por que os políticos roubam. Por que os homens são iguais. Por que o pão sempre cai com a manteiga pra baixo. Por que o Corinthians perde. Algumas coisas são verdades universais. Quem cala consente, meu camarada.

30/11/2007

corre-corre x pára-pára

Manicure. Pedicura. Massagem. Terapia. Shopping. Restaurante. Reencontro da faculdade. Boteco. Passeata. Festinha. Casamento. Movimento cultural. Velório. Mas não esqueça de marcar um encontro com você mesmo. Aposto que é uma grande pessoa. Se quiser, eu lhe apresento.Em alguns momentos de insanidade e loucura, temos que nos aquietar e escutar o nosso silêncio.

30/11/2007

eu acredito em duende, não acredito em político

Estou lançando a nova campanha “eu acredito em duende, não acredito em político”. Quem fizer adesão pode ganhar um pote de ouro. É promessa de duende: tem um pote de ouro esperando por nós no final do arco-íris. E em promessa de duende eu acredito. Na de político, não. Enquanto as criaturas mágicas e esverdeadas trazem sorte, os políticos dão o maior azar. São encosto, urucubaca da forte rolando solta no reino encantado de Brasilândia.Tiram nosso dinheiro justo e suado com impostos parasitas que sugam a nossa vida, direitos e sonhos.
Você pode achar que eu sou louca e que duende não existe.
Mas político, tenho certeza, é mentira.

17/10/2007

auto-ajuda e outro-ajuda

Os livros de auto-ajuda multiplicam-se nas prateleiras das mais conceituadas livrarias. Agora tomam, de forma avassaladora, supermercados, padarias e farmácias. Daqui a pouco encontraremos até em pet-shop. Ridicularizou-se o livro. Criou-se um produto. É promoção: leve três e pague dois. Os títulos de auto-ajuda são tantos que se tornam repetitivos e tão complicados que no fundo ninguém entende nada. Precisa um livro para explicar o outro. Nos tempos modernos, é uma imensa necessidade de entender-se. A alma humana está tão vazia de fé e valores que só há um eco sem resposta. A auto-ajuda é um pouco egoísta. Enquanto nos concentramos em nós, deveríamos nos preocupar com o outro.
Vamos trocar a auto-ajuda pela outro-ajuda. O ajudar ao próximo faz bem a nós mesmos. Equilibra. Transforma. E no meio da escuridão dentro de nós, tudo fica claro.
Saia por aí ajudando. Não precisa de manual de instrução.

17/10/2007

bolsa família x bolsa louis vuitton

O Brasil é um país de contrastes sociais e intelectuais. Principalmente nos arredores do planalto. É fome de comida, fome de cultura, fome de decência, fome de justiça. São escândalos, mentiras, inverdades. Tem a classe A, B, C, D, E. Novos ricos, que são os pobres em ascensão. Pobre com pose de rico. E rico só com pose também. Aquele rico de pele esticada a botox que perdeu tudo, até a vergonha. Negocia qualquer coisa pra continuar saindo nas colunas sociais, na high society. Deve para o banco, para manicure e até pra faxineira. Mas continua andando de nariz empinado e bolsa Louis Vuitton. Mesmo comprada no camelô.

4/9/2007

karaokê na laje

Uma nova forma de entretenimento se propaga no país: karaokê na laje. Geralmente, o cômodo preferido dos amadores soltarem o gogó é no banheiro. Uma coisinha mais discreta, solitária e íntima. Agora a moda é cantar nas lajes, construções, puxadinhos e adjacências. O eco, o público, a galera passando na rua, fãs,o estrelato. Na hora de bater a marmita nada como uma música ambiente. A milhões de decibéis. O duro é o repertório. Mas com couvert free, vale tudo.

palavras em extinção

Não agüento mais esse excesso de informática e essa falta de assunto. É uma ausência de conteúdo e forma. A era da mídia digital despertou nas pessoas, antigamente avessas às cartas, a vontade de se comunicarem novamente. As cartas eram quem-sabe-sabe. Ou sabia escrever, ou não. Todo mundo achava mil e umas desculpas para não se corresponder. A culpa era da logística gigantesca, dos Correios, o coitado do carteiro, TPM, previsão ruim do horóscopo. Tudo desculpa. Um escudo para esconder uma incompetência de marca maior. Burrice crônica individual que não tem conserto. Ou concerto?
Mas eis que o send resolveu tudo. Simplificou. Até demais.
kd vc :( se pah vira eh
Estupraram a g-r-a-m-á-t-i-c-a. Violentaram o conteúdo. As pessoas não sabem o que escrever e nem como. Ninguém viu nada. Ninguém sabe de nada.
Vamos ter que instaurar uma CPI da língua portuguesa.

fio dental no trânsito escandaliza

Em que mundo nós estamos...
É um atentado ao pudor. Uma total falta de vergonha e desrespeito pelo cidadão comum: mulher de fio dental em plena Av. Santo Amaro. Isso mesmo. Com fio dental em pleno trânsito. Uma ricaça de meia idade, em seu carrão importado, passando fio dental dentro do carro. Uma das cenas mais grotescas que eu já vi. Essa história não é criatividade da minha pessoa. O que mais dói é que é verdade. Realmente educação não se compra... E nem se esconde atrás do insulfilm...
Qualquer semelhança não é coincidência.

11/7/2007

filosofia de busão

O pior dia da semana não é segunda-feira. É a porcaria da terça, porque tem o maldito rodízio. Então dá-lhe busão na cabeça. Mas como dizia Buda (se é que dizia): toda situação ruim tem um lado bom. Tem sim, mas só no tempo dele – que não existia busão. Ele ia levitando de primeira classe.
Então, como se não bastasse a minha gastrite uivando de raiva de ter que encarar aquele ônibus lotado de 3 carros, entrou um bêbado. Como eu lá no fundo sabia que tinha entrado um bêbado? Pelo bafo. Aí minha gastrite virou úlcera mesmo.
Então o que era para ter sido um homicídio, virou uma cena fraternal. Um bêbado encontrou outro e se abraçaram com o cobrador. Lindo. Comovente. Um se abrindo com o outro, aquela choradeira... E a filosofia de busão rolando solta. O nirvana.
Foi tão evolutivo para minha alma, que quando chegou o meu ponto eu nem precisei descer. Fui de teletransporte.

11/6/2007

cachorro bilíngüe

Cachorro bilíngüe. Eu vi. Não é um cachorro com duas línguas. Ele fala duas línguas.
Estava eu passeando no Ibirapuera e constatei que realmente é um lugar onde a cultura é tão plural que até cachorro fala outro idioma. Tem japonês, inglês. Vi um são bernardo que só conversava em japonês com a família. E um pitbull que falava em inglês. São letrados. Quem disse que o nível educacional em nosso país não está melhorando? Gari e varredor têm que ter segundo grau. Cachorro precisa de um segundo idioma no currículo. Por que só os políticos podem ser analfabetos? Só sabem convenientemente escrever o nome na hora de assinar o cheque da propina. Bem que eles poderiam cursar uma escolinha de pitbull. Fingir de morto eles já sabem.

11/6/2007

pitbull e pitboa

É impressionante como se alastra o número de pitbulls e pitboas. A espécie procria-se tão rápido que deveria enquadrar-se na categoria dos leporídeos, os coelhos. Reproduz-se em cativeiros, como shoppings, academias, baile funk, baladas. O pitbull é aquele estereótipo de cara marombado, blusinha baby look, tatuagem tribal no braço, cabelo com topedinho descolorido e que já vem com a coleira, uma corrente grossa de ouro (só falta colocar a guia). Ah, e claro, ele sempre está acompanhado pela pitboa, aquela loira blond boazuda, siliconada e sorriso botox, com miniblusa de oncinha, shortinho branco, piercing no umbigo e bolsa Luis Vuitton falsificada (claro, porque uma loira falsa não pode ter nada de original).
Pena que não estão em extinção, porque causam muitos danos intelectuais à sociedade.
Contra pitbulls e pitboas, só focinheira. Porque, se colocá-los na escola de adestramento de cães, não terão QI suficiente para aprender.

6/5/2007

senha pra namorado

Chega dessa vidinha “Sex in the City”. Moderno mas não leva para o altar, só para a cama. Oh, meu Deus, como será que anda a fila de pedido de namorados? Será que precisa de senha? Não rola uma propinazinha, não?
Quero um namorado lindo, inteligente, bem-humorado, mais velho, engraçado, bom, paciente, elegante, culto, espiritualizado, estabilizado financeiramente, que tenha uma ótima logística, bom gosto, ame cachorro e seja honesto e fiel. Porque só honesto não adianta. Eu já tive um que era honesto e falava: benhê, te traí. Enfim, quero alguém que queira um “relacionamento sério” e não tenha alergia dessa palavra. Bom, já que não existe homem perfeito, se a sogra for, já estou no lucro.
Ah, e um pequeno detalhe, o bofe não pode ser gay.

2/5/2007

livroterapia

Feriadinho merecido e suado. Fui fazer o programa básico do paulistano: cooper e shopping. E quando vou ao shopping tenho que praticar minha “saravaivaterapia”. Sou compulsiva por livrarias, sebos e afins. Meu recorde foi 4 horas dentro de uma. Ontem fui estrear uma seção que não tenho o hábito de freqüentar: auto-ajuda. Geralmente minha cachorra já satisfaz minha carência afetiva e meus problemas emocionais. Mas ontem, não sei se foi por causa da TPM, por falta de um amigo gay ou de algum novo pé que lateja na minha bunda, lá estava eu fuçando no setor de auto-ajuda. Sabe que ao invés de melhorar eu piorei. Aqueles títulos felizes e previsíveis me deprimem.
Ao invés de ajudar, deixam a gente no fundo do poço. Senti-me a criatura mais reles e ínfima, o último dos mortais.
Preciso de um livro de auto-ajuda para me ajudar a gostar de livros de auto-ajuda.

1/5/2007

congestionamento - zen paciência

Ontem São Paulo teve o segundo maior congestionamento do ano. Mas depois de 10 anos de meditação e 3 anos de sofrimento no kung fu, supus eu que estaria apta para enfrentar tal situação. Saí da agência sem esperança de chegar em casa cedo. Uma hora e meia dentro do carro. Já havia ouvido todos os meus CDs. A solução seria ouvir rádio, mas o meu nunca funcionou. No meio daquele dilúvio deve ter caído um raio no meu carro, porque o rádio começou a funcionar do nada. Só pegava uma rádio. Como meu santo é forte, era de rock. Ufa! Eu era a única criatura feliz no congestionamento quilométrico. De repente, ouço um samba ensurdecedor. Acabou minha paz. Parou um "busão" lotado ao meu lado, tocando samba a milhares de decibéis. Ouço: "Curíntia, Curíntia"! Quando eu olho, era a Gaviões da Fiel, torcida do meu amado Corinthians. Como se vê, Deus é brasileiro, corintiano, gosta de rock e abençoa os infelizes publicitários.

27/4/2007